Portifólio

OBRAS PUBLICADAS

Título: MSTS/MSTB: a trajetória do Movimento dos Sem Teto de Salvador/Bahia
Autor: Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2012
Formato: 15x21cm, 214p.
ISBN: 978-85-64841-00-0

O livro “MSTS/MSTB: a trajetória do movimento dos Sem Teto de Salvador – Bahia”, de autoria do professor, historiador e pesquisador Raphael Fontes Cloux, fruto da sua dissertação de mestrado, desenvolvida no Programa de Desenvolvimento Regional e Urbano, da Universidade de Salvador, concluída no ano de 2007, tendo a sua primeira publicação no ano seguinte (2008), encontra-se em sua segunda edição, lançada no ano de 2012, pela Editora Kawo-Kabiyesile, através da qual este autor desempenha o papel de editor.
Como o próprio título indica, a obra traz uma abordagem acerca do Movimento dos Sem Teto da cidade de Salvador, desde o ano de 2003 (ano de fundação do movimento) até 2007, utilizando-se de uma metodologia voltada ao materialismo dialético, a partir de uma investigação histórica sobre os motivos socioeconômicos que conduziram parte dos sem tetos desta cidade a buscar formas de alertar a sociedade baiana sobre o significativo número de pessoas sem moradia em Salvador e a articular a ocupação de terrenos públicos/privados e prédios abandonados por seus proprietários, presentes nos bairros de Mussurunga e Estrada Velha do Aeroporto. Diante desse recorte, Raphael Fontes Cloux conseguiu desenvolver um trabalho de pesquisa extremamente atual sobre a problemática da habitação social em nosso país, fator relacionado a um processo de exclusão historicamente estabelecido.
Portanto, o livro deve ser encarado como uma reflexão acerca do poder de articulação e mobilização dos cidadãos excluídos, através da observação de lutas cravadas pelos sem tetos de Salvador contra o sistema de divisão territorial desigual vigente no Brasil, que acaba ocasionando a garantia do direito de habitar o espaço urbano a alguns e a negação disso a muitos outros. Sendo assim, deseja-se que a leitura dessa obra consiga causar em seus leitores um estado de inquietação que possibilite a construção de posicionamentos políticos que possam contribuir para a transformação desse quadro de marginalização da maior parte da nossa sociedade. Sem mais, só nos resta desejar a cada leitor que sentir-se atraído pelo tipo de discussão proposta na obra, uma excelente viagem pelo universo da leitura.

Título: Resistências e contestações: movimentos sociais, política e ideologia
Organizador: Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2013
Formato: 15x21cm, 334p.
ISBN: 978-85-64841-03-1

No ano de 2013, a Editora Kawo-Kabiyesile possibilitou a publicação de mais uma grande obra que segue na contramão das ideologias dominantes no Brasil, dessa vez foi lançado pela editora o livro-coletânea intitulado “Resistências e contestações: movimentos sociais, política e ideologia”, que conta com artigos dos historiados Eliziario Andrade, Fabiano Brito dos Santos, Paulo Moraes Neto, Rogério Ferreira da Silva, Yang Chung, Vanessa Cristina Santos Matos, Ediane Lopes de Santana, Elane Andrade Correia Lima, Meire Reis, Anderson Luís Santos Silva, Raphael Fontes Cloux (organizador) e Virgílio Sena Nery.
A coletânea encontra-se dividida em três partes: Parte I – Economia e política: entre análises e alternativas; Parte II – Gênero, raça/etnia e resistências e Parte III – Movimentos sociais e resistências. Na Parte I, os primeiros textos apresentam abordagens acerca do papel da mídia frente à disseminação de discursos na sociedade atual e, consequentemente, à formação de ideologias através dos meios de comunicação, enquanto o último artigo, de autoria de Yang Chung, analisa as dificuldades e potencialidades dentro do ideal de formação de um partido de massas no Brasil. A segunda parte do livro é formada por quatro artigos que versam sobre os lugares impostos às mulheres nas sociedades de base patriarcal, e os ocupados por algumas destas na historiografia, no seringal acreano e na sociedade baiana. Na terceira e última parte três artigos que trazem discussões sobre movimentos sociais na cidade de Salvador durante o século XX.
A primeira parte é constituída pelos seguintes artigos: “Sociedade de informação: panaceia da Ideologia do Capital”, de Eliziario Andrade; “Estado e Mercado: uma análise das telecomunicações brasileiras pós-privatizações”, de Fabiano Brito dos Santos; “O real em Páginas Amarelas: revista Veja e a constituição da hegemonia neoliberal no Brasil”, de Paulo Moraes Neto; “As representações sociais de Heloísa Helena na Rede Globo nas eleições presidenciais de 2006”, de Rogério Ferreira Silva e “Formação para uma nova cultura política e potencialidades na construção de um partido de massas no Brasil”, de Yang Chung. Na segunda parte estão elencados os artigos: “Rompendo paradigmas através da luta: a greve das/os tecelãs/ões em setembro de 1919 (Salvador-Bahia)”, de Vanessa Cristina Santos Matos; “Ecos no silêncio dos porões da história: ações de mulheres baianas nos espaços públicos”, de Ediane Lopes de Santana; “A nova condição feminina: as mulheres do seringal”, de Elane Andrade Correia Lima e “O racismo e a harmonia racial na imprensa baiana”, de Meire Reis. Na terceira e última parte há três artigos: “Apontamentos para um estudo sobre o Movimento Estudantil Universitário soteropolitano, 1975-1979 (UFBA e UCSAL)”, de Anderson Luís Santos Silva; “Panorama da luta pela moradia em Salvador de 1964 até a formação do Bairro da Paz”, de Raphael Fontes Cloux e “Apontamentos para estudos sobre o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), de Virgílio Sena Nery.
Com isso, o conjunto de narrativas históricas reunidas nessa coletânea nos chama à atenção para a ocorrência de práticas políticas que acabam ocasionando a opressão, exploração, desvalorização e marginalização de figuras sociais como mulheres, negros e mestiços, operários e sem tetos, por exemplo. E, além disso, demonstra a importância de ações políticas desenvolvidas por algumas dessas figuras, mediante a mobilização em massa desses grupos, para o surgimento de transformações no cenário político do Brasil, através da adoção de posturas que possibilitaram e ainda podem possibilitar o florescimento de resistências e contestações em meio a discursos e práticas políticas alienadoras. Sendo assim, a obra pode ser considerada uma excelente fonte de inspiração para a construção de novos olhares sobre as ideologias que alicerçam a sociedade em que estamos inseridos. Portanto, ao realizar a leitura dos artigos, cada leitor poderá encontrar diferentes caminhos para contestar o que, muitas vezes, mesmo de forma velada, nos oprime. Boa leitura!

Título: A baiana tem dendê
Lançamento: 2013
Formato: 15x21cm, 66p.
ISBN: 978-85-64841-07-9

“A Baiana tem dendê!” é uma belíssima obra que fala sobre a trajetória das baianas de acarajé que constituem a ABAM (Associação das Baianas de Acarajé e Mingau), organizada por Danilo Moura, conta com textos de Jaime Sodré, Thaís Calixto dos Santos, Antonio Roberto Pellegrino Filho, João Rodrigo Araújo Santana, Mônica Maria de Souza Silveira, Maria Paula Fernandes Adinofi e Patrícia Martins.
Com isso, a obra destaca o desenvolvimento do ofício das baianas de acarajé, que compõe um capítulo importante da história do nosso país. O acará, uma oferenda dedicada a Iansã, passou gradativamente a cair no gosto dos baianos e pessoas de todo o mundo, permitindo que milhares de mulheres negras pudessem, a partir deste belo ofício, alimentar não somente os que se deliciam com seus quitutes, mas, principalmente, suas famílias. Portanto, falar destas mulheres, de seu ofício, de suas labutas do dia a dia, significa contar a história de luta e resistência do povo negro.
Este enlace entre a ABAM e a Editora Kawo-Kabiyesile nos rememora ao mito do casamento entre Iansã e Xangô, entre o vento e o fogo, que sempre andam juntos. A ABAM se constitui enquanto uma importante entidade de organização das baianas de acarajé em todo o Brasil, defendendo a salvaguarda de sua memória e seus direitos. A Editora Kawo-Kabiyesile foi criada como uma editora independente do grande mercado editorial brasileiro, tendo como objetivo contribuir para a transformação da sociedade mundial através da difusão de saberes. A escolha do nome, a saudação na língua iorubá ao orixá Xangô, reivindica a representatividade do comprometimento combativo com a justiça social.
Neste sentido, espera-se que este livro demonstre o reconhecimento do ofício das baianas de acarajé como patrimônio cultural brasileiro ocorrido em 2005, e mais recentemente em 2012, o reconhecimento a nível estadual desta prática cultural, enquanto expressão das raízes africanas no sistema culinário brasileiro, reforçando a luta deste coletivo de mulheres que há gerações carregam em seus tabuleiros as marcas de uma luta por igualdade e justiça social.
Diante disso, nesta publicação seguimos as conexões estabelecidas pelas baianas de acarajé, enquanto um grupo que busca, através de diferentes articulações, fortalecer-se, criando as condições necessárias para a sustentabilidade desta tradição, referência de nossa ancestralidade africana.

Título: Sete esquinas: panoramas socioculturais nas Ciências Humanas
Organizadores: Raphael Fontes Cloux e Izabel de Fátima Cruz Melo
Lançamento: 2013
Formato: 15x21cm, 236p.
ISBN: 978-85-64841-05-5

A presente obra é fruto da reunião de professores e pesquisadores da grande área de humanidades, e se constitui a partir do desafio/desejo de compor um espaço em que diferentes campos e abordagens consigam dialogar de modo a evidenciar as multiplicidades que nos ajudam a formular e compreender a realidade.
A escolha do título, SETE ESQUINAS: panoramas socioculturais nas ciências humanas, sintetiza este encontro: o leitor, como um sujeito que caminha por uma cidade, pode entrar por qualquer uma das ruas que a compõe e, certamente, perceber interseções, transversais, esquinas... que, em um dado momento, podem se desenhar em um cruzamento, como esse que propomos aqui.
Temos, assim, o encontro de pesquisadores que nos deixam entrever, em seu percurso interpretativo, uma apreensão da realidade sob a perspectiva multidisciplinar, trazendo nas suas pesquisas especiarias variadas, cujos sabores se acentuam ou se atenuam a depender da “receita” de cada autor, mas com todos os temperos encontrados nas Humanidades: História, Jornalismo, Psicologia, Antropologia, Urbanismo, Política, Sociologia, Estudos Culturais, Literários, Musicais, Cinematográficos, Teatrais e Religiosos.
Em Um olhar antropológico sobre o sagrado em Maçalê, CD de Tiganá Santana: reinvenções da fé, Marlon Marcos Viera Passos busca analisar a obra do compositor baiano Tiganá Santana, O CD Maçalê, selecionado em Edital Público da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, em 2009. O artigo foi construído à luz de autores estudiosos do candomblé no Brasil, como Vivaldo da Costa Lima, Vagner Gonçalves da Silva, contando ainda com reflexões sobre arte, através de Claude Lévi-Strauss. O trabalho também versa sobre antropologia e arte em seu diálogo com o sagrado nas religiões de origem africana. Faz parte das preocupações de Passos compreender também os critérios para a escolha deste trabalho para financiamento estatal e descrever os aspectos antropológicos da obra em questão, que inovam esteticamente a música feita no Brasil e ainda participa de um processo de reinvenção da identificação das representações do negro brasileiro.
Em Estratégias de enfrentamento dos negros com deficiência frente à dupla estigmatização, Carlos Vinicius Gomes Melo, aborda um tema pouco explorado dentro da Psicologia, as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos negros com deficiência diante da dupla estigmatização (condição que associa os atributos supostamente negativos advindos do pertencimento racial e da condição de deficiência). Este se propõe a investigar quais são as estratégias de enfrentamento e como estas são utilizadas pelos negros com deficiência diante de situações decorrentes das crenças negativas, e socialmente compartilhadas sobre este duplo estigma.
Izabel de Fátima Cruz Melo, em Falando sobre o ‘Vazio’: circuito cultural e cinema na Salvador dos anos 1970, problematiza a noção de “vazio cultural” que é usual em diversas referências à produção cultural nos anos 1970 - especialmente nos seus primeiros anos -, desconstruindo a ideia de que poucas coisas interessantes aconteceram no campo cultural devido à mordaça impingida às artes e à cultura pelo AI-5 (Ato Institucional nº5), elemento que aprofundou os aspectos repressivos da ditadura, ressaltando, assim, o caráter de resistência de alguns espaços.
Em Um breve panorama das políticas públicas e atuações dos órgãos estatais na área de habitação na cidade do Salvador (Bahia/Brasil) na década de 1960, Liliane Ferreira Mariano da Silva e Raphael Fontes Cloux têm por objetivo traçar um panorama das políticas públicas e ações do Estado (esferas municipal, estadual e federal) no tocante à habitação de interesse social na cidade de Salvador (capital do Estado da Bahia) durante a década de 1960. Considera-se a habitação de interesse social numa perspectiva mais ampliada, podendo englobar os conceitos de habitação “popular”, “proletária”, “baixa-renda”, “pobres”, que incida sobre desabrigados e também situações provocadas pelo estado, capazes de promover uma fragilização de partes da população, podendo deixá-las em situação de sem tetos.
Cristiane Batista da S. Santos em Lugares de memória, escravidão e tráfico atlântico no sul da Bahia, se propõe a discutir, de forma articulada, duas questões relacionadas ao tráfico atlântico ilegal e à conformação do cenário sul baiano em torno da Vila de Maraú, indicando os lugares de desembarque e as memórias dos que ali chegaram à costa da península no século XIX. As ações de liberdade mostram tanto a estratégia de resistência quanto o mapeamento desses lugares de desembarque. O segundo propósito é discutir como as relações de trocas diretas entre a África Central e o sul da Bahia, com o zimbo e a farinha de mandioca, ocasionaram, em contrapartida, a entrada de centro-africanos na região o que incidiu, entre outras influências, nas manifestações culturais na Vila de Maraú expressas nos atos denominativos dos lugares, como os etnônimos e as sociabilidades como marcas de etnicidade e memória.
Em O Conde de Óbidos, um Vice-rei do século XVII: trajetória política, conflitos e governança na Índia (1652-1653) e no Brasil (1663- 1667), Ricardo George Souza Santana analisa a trajetória de D. Vasco Mascarenhas (Conde de Óbidos) em suas experiências de gestão político11-administrativa de colônias portuguesas no século XVII, o qual foi nomeado por duas vezes ao cargo de Vice-Rei de colônias portuguesas em dois contextos de reinados distintos. O artigo aborda como funcionavam as artimanhas de relações de poder entre a coroa portuguesa, do ponto de vista interno, deslindando algumas das suas disputas internas, como as ligadas às linhas sucessórias e aos golpes realizados entre membros da família real. Trata ainda das relações como as referentes às colônias, levando em conta também as filigranas com as quais se desenhavam as relações com as elites locais das “Índias” e do Brasil. Desta forma, Santana nos apresenta as estratégias e o jogo político feito por este Vice-Rei com os funcionários da burocracia metropolitana nas colônias e suas elites locais para que pudesse governar.
Bom, depois desse passeio pelas nossas ruas temperadas, reiteramos o convite à leitura. Bom passeio/ bom apetite!

Título: Sob a égide das águas: escritos jornalísticos sobre o candomblé
Autor: Marlon Marcos
Lançamento: 2013
Formato: 12x17cm, 168p. Ilustrado
ISBN: 978-85-64841-06-2

O livro “Sob a égide das águas: escritos jornalísticos sobre candomblé”, de autoria do historiador, jornalista e doutorando em antropologia Marlon Marcos, que foi lançado pela Editora Kawo-Kabiyesile, no dia 25 de abril de 2014, como o próprio título anuncia, traz uma coletânea de trinta e oito crônicas jornalísticas sobre a religiosidade de matriz africana conhecida como Candomblé, dentro da cidade de Salvador, publicadas entre os anos de 2007 e 2013, pelo Jornal A Tarde, nos periódicos Cadernos de Opinião, no extinto Cultural e no atual Dois+, tendo sido publicada apenas uma delas no site Bahia em Pauta, a intitulada “Dois de Julho é Chetuá”.
A partir da expressão “Sob a égide das águas” que encabeça o título da obra, torna-se evidente o quanto o autor quis deixar claro que, diante da permissão do orixá Iemanjá, ele busca fazer uma homenagem a figuras importantes para a manutenção, consolidação e, consequentemente, preservação do Candomblé na Bahia, tais como Mãe Zulmira (sua mãe de santo) e Mãe Stella, mulheres que têm um legado de mais de setenta anos de Axé, assim como, demonstrar a importância desses textos para a disseminação da história do Candomblé na Bahia, através do reconhecimento e esclarecimento de elementos voltados à religião, muitas vezes desconhecidos e, portanto, ignorados pela sociedade, destacando a riqueza socioantropológica dessa religião.
No intuito de prestar uma homenagem especial à mãe de santo de Marlon Marcos, utilizou-se uma belíssima foto dela como capa do livro, tirada pela fotógrafa Grazielle Collyer. No interior da obra há belas ilustrações inspiradas nos textos presentes nesta, feitas pelo artista André de Jesus (Deko). Sendo o primeiro livro em formato de bolso (pocket) publicado pela Editora Kawo-Kabiyesile, esta produção visa atingir a todos os públicos: curiosos, admiradores e pessoas que já fazem parte do universo do Axé. Motumbá, leitores (as).

Título: Formação docente: olhares dialógicos sobre os fazeres e dizeres da práxis
Organizadores: Ivonete Barreto de Amorim; Geisa Arlete do Carmo Santos e Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2014
Formato: 15x21cm, 214p.
ISBN: 978-85-64841-10-9

O livro “Formação docente: olhares dialógicos sobre os fazeres e dizeres da práxis”, organizado pelos profissionais da área de Educação Geisa Arlete do Carmo Santos, Ivonete Barreto de Amorim e Raphael Fontes Cloux, que conta com artigos desses e outros professores que buscam analisar e repensar os discursos e práticas adotadas nos espaços de educação formal em nosso país, tais como César Vitorino, Elisete Santana da Cruz França, Jocenildes Zacarias Santos, Maria do Socorro Cyreno, Maribel Barreto, Natalina Assis de Carvalho, Rita Oliveira, Rosane Aleluia, Silvia Passos, Suely Aldir Messeder e Telma Lima Cortizo, foi lançado pela Editora Kawo-Kabiyesile, no dia 24 de maio de 2014, às 15h, na Fundação Visconde de Cairu, localizada na Rua do Salete, nº 50 – Barris (Salvador – BA).
Este livro-coletânea é composto por doze artigos: “Articulação, teoria e prática: possibilidades da pesquisa na formação do pedagogo”, de Ivonete Barreto de Amorim;  “Angústia do professor no cenário contemporâneo: afeto manifesto no saber-fazer!”, de Telma Lima Cortizo; “Vidas de professoras: um relato de experiência do estudo das relações entre percursos de vida e ação pedagógica”, de Rosane Aleluia Santos de Souza; “Orientações para os currículos de história e a história urbana do presente”, de Raphael Fontes Cloux; “Perspectiva formativa do trabalho interdisciplinar: reflexões sobre experiência no Curso de Pedagogia da FVC”, de César Vitorino, Elisete França, Ivonete Barreto de Amorim e Rita Oliveira; “Formação do professor rural: tricotando vivências e práticas pedagógicas em classes multisseriadas”, de Natalina Assis de Carvalho; “O professor rural na contemporaneidade: um olhar na profissão e formação”, de Natalina Assis de Carvalho e Geisa Arlete do Carmo Santos; “Cairu nas comunidades: uma articulação entre família, formação e escola”, de Geisa Arlete do Carmo Santos, Ivonete Barreto de Amorim e Silvia Passos; “A criança na contemporaneidade e sua interação com as tecnologias”, de Jocenildes Zacarias Santos; “As sexualidades na cultura escolar e na formação docente”, de Elisete Santana da Cruz  França e Suely Aldir Messeder; “Mobbing e as relações de poder”, de Maria do Socorro P. Cardoso Cyreno e “A consciência como primeira e última revolução”, de Maribel Barreto.
A partir desses artigos, como o próprio título da obra denuncia, o leitor encontrará uma variedade de discussões (diálogos) sobre diversos temas ligados à prática docente, como A importância da pesquisa dentro do processo de formação docente; O trabalho pedagógico e seus impasses dentro de uma prática associada à afetividade; O Plano Nacional de Formação de Educadores da Educação Básica (PARFOR) e ações pedagógicas na alfabetização; A presença de incentivo do estudo sobre a história urbana do presente nos cursos de graduação em História, a partir dos PCNs, entre outros documentos oficiais do Ministério da Educação; A interdisciplinaridade no curso de Pedagogia da Fundação Visconde de Cairu, a formação de professores e algumas práticas adotadas pelo projeto Cairu nas Comunidades; As classes multisseriadas e a formação de professores que atuam no espaço rural; O processo de formação do indivíduo e as influências das novas tecnologias; Abordagens sobre gênero e sexualidades na educação; Relações de poder dentro do ambiente acadêmico, a partir de uma visão foucaultiana e A educação como um caminho para a  construção de uma consciência que possibilite o autoconhecimento humano.
Diante disso, a obra aqui apresentada visa proporcionar leituras acerca de teorias e métodos trabalhados durante a formação acadêmica nos cursos de licenciatura e a ocorrência e viabilidade do uso destes nos diferenciados âmbitos de ensino formal. Portanto, é um livro-coletânea que aborda sobre a parceria entre as teorias e práticas na Educação, através do desenvolvimento de pesquisas de campo e bibliográficas realizadas pelos autores de cada um dos artigos citados acima, dentro de uma perspectiva de educação que, mediante a ação, possibilite a transformação de educadores e educandos.

Título: A festa de Santo Antonio do Argoim, para além do altar: o mito, a cultura e a tradição
Autora: Girley Oliveira dos Santos
Lançamento: 2014
Formato: 12x17cm, 190p.
ISBN: 978-85-64841-12-3

A jovem historiadora e pesquisadora Girley Oliveira da Silva, baiana nascida na cidade de Feira de Santana, quando ainda tinha 12 anos de idade passou a residir em uma fazenda situada no interior do município de Rafael Jambeiro, de onde partiu em direção ao Argoim, no intuito de concluir os seus estudos, e foi dessa eventualidade que surgiu toda a trama que fundamentou a pesquisa que realizou durante o curso de Licenciatura em História, cursado na UNEB-CAMPUS XIII, a qual originou a belíssima obra “A festa de Santo Antonio do Argoim, para além do altar: o mito, a cultura e a tradição”, que será lançada ainda este ano (2014) pela Editora Kawo-Kabiyesile.
Sendo assim, diante do reconhecimento da grande importância do trabalho desenvolvido pela autora para o registro e preservação da tradição de aspectos religiosos relacionados à festa de Santo Antonio, em Argoim, o mesmo, como não poderia deixar de ser, acaba por tornar-se mais um grande exemplo da relevância do uso da História Oral para a rememoração e escrita da história de um povo, através da recordação de elementos da tradição local, passados de geração a geração dentro de uma comunidade rural, já que para desenvolver a sua pesquisa Girley Oliveira utilizou-se do estabelecimento de entrevistas com moradores do Argoim que vivenciaram desde muito jovens momentos de devoção a Santo Antonio, ao longo da organização e realização de seus trezenários, durante as décadas de 1970 e 1980, na comunidade.
Com isso, a autora buscou destacar peculiaridades da festa de Santo Antonio, no povoado do Argoim, tais como o caráter religioso e profano que perpassa toda a tradição dos festejos de Santo Antonio na localidade, além do mito de aparição da imagem de Santo Antonio do Argoim, e, juntamente com isso, as convenções sociais estabelecidas dentro dos festejos, como a materialização da distinção entre rico e pobre e branco e preto, concepções atreladas a aspectos socioeconômicos e raciais envolvendo os moradores que faziam parte dos trezenários de Santo Antonio do Argoim.
Diante disso, ao ler este livro, os leitores irão se deparar com relatos que demonstram a força da fé de um povo, projetada na figura de Santo Antonio do Argoim, que foi capaz de deixar marcas tão profundas no povoado, a ponto de modificar o ritmo da sua população nos períodos de preparação dos seus festejos e, a partir disso, construir valores que contribuíram em suma para a formação da cultura local. Portanto, pode ser considerada uma leitura prazerosa que levanta novas abordagens sobre a tradição religiosa de vertente católica no Brasil, através de um recorte temporal (décadas de 1970/1980) e local (povoado do Argoim). Assim, sintam-se convidados a fazer uma verdadeira viagem por histórias sobre festejos de Santo Antonio do Argoim, a partir das narrativas de alguns de seus fiéis e das interpretações feitas destas por Girley Oliveira.
Assista ao vídeo no qual a autora apresenta sua publicação: https://www.youtube.com/watch?v=UO4GpwxCG6s

Título: Do moço do anel as coisas do azeite: um estudo sobre as práticas terapêuticas no candomblé
Autora: Marieta Reis
Lançamento: 2014
Formato: 12x17cm, 216p. Ilustrado
ISBN: 978-85-64841-10-9

A obra “Do moço do anel às coisas do azeite: um estudo sobre as práticas terapêuticas no candomblé”, de autoria de Marieta Reis, é fruto de uma longa pesquisa realizada no terreiro Ilê Axé Odé Yeyê Ibomin: uma comunidade jovem, comandada pelos orixás Odé e Oxum, advinda das chamadas “águas do Gantois”, com sua sacerdotisa Odalici do Carmo, a qual se encontra situada no bairro Portão, em Lauro de Freitas, recheada de filhos e filhas em defesa desta fé de origens negras, que tem “Seo Raio de Sol” como o baluarte central, quando os assuntos da existência nos levam para os circunscritos da saúde. A pesquisa, antes dissertação de mestrado, agora livro, fundamentou-se em alcançar os horizontes de práticas terapêuticas desenvolvidas no Terreiro em questão, mais precisamente, as indicadas e praticadas por uma das entidades fundantes e determinantes para o funcionamento daquela comunidade religiosa: o caboclo Raio de Sol.
O pouso etnográfico da estudiosa, nestas searas da cura no candomblé, nos é de grande valia. Muitos trabalhos de cunho antropológico já foram feitos sobre as ações terapêuticas alternativas à medicina oficial, mas o aqui editado traz dois trunfos essenciais: a coragem da autora em fazer parte da comunidade, dando voz e sentido ao seu texto a partir das elaborações dos interlocutores, reafirmando aquilo que a pesquisadora Jeanne Fravet-Saada orienta sobre os riscos em participar dos discursos do nativo e das interferências da subjetividade, atestando: “Além de não ter podido evitá-las, foi por meio delas que elaborei o essencial da minha etnografia.” (Favret-Saada, 1977, p. 38).
Para apontar a relevância da pesquisa apresentada é importante destacar as cruciais descrições e análises de Marieta Reis, acerca do seu envolvimento com a comunidade religiosa, revelando reentrâncias, possibilidades, empecilhos, desenhando, de modo científico, a poética complexidade vista cotidianamente nos terreiros de candomblé.
O Ibomin é descrito em suas generalidades e especificidades como comunidade religiosa. A autora desenvolveu uma bela etnografia, ao tratar o espaço sagrado dos terreiros como lugares de práticas terapêuticas e de cuidados com o corpo e o espírito dos que praticam esta religião, pormenorizando as feições litúrgicas da casa estudada e alinhando, com competentes observações e análises, os cenários religiosos dali com as atividades de cura e as noções de saúde que o povo de santo, na Bahia, acredita e socializa.
Temas caros à antropologia são tratados com qualidade pela pesquisadora: família, sagrado, profano, religiosidade, corpo, alma, fé, cura, candomblé, religião, tabu, injunção, entre outros; todos alcançados a partir de olhares ensaiados e sensíveis aos contextos do candomblé, um exercício bem feito que garante boa leitura e muita aprendizagem a quem quer saber mais sobre alguns aspectos do candomblé, sem tocar em seus mistérios.
Assista o vídeo no qual o ilustrador fala sobre as ilustrações da publicação: https://www.youtube.com/watch?v=L6VkLNfwYnI

Título: Ensaios sobre educação: tecnologias, políticas, alfabetização, EJA, pedofilia, interdisciplinaridade e literatura
Organizador: Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 166p.
ISBN: 978-85-64841-15-4

Este livro é uma coletânea de textos; organizado pelo prof. Dr. Raphael Fontes Cloux. A intenção dos autores é discutir saberes, conceitos e ações que podem constituir à formação do ser humano. Evidenciando elementos que perpassam a prática educacional e a construção de conhecimentos. Neste texto “Educação interdisciplinar”, a autora dialoga sobre a fragmentação dos saberes no processo de elaboração dos currículos que norteiam a educação formal, dificultando para os alunos a compreensão do conhecimento enquanto um todo integrado, que permite uma percepção totalizante da realidade; e em “Antropologia e a educação”, a autora traz uma abordagem voltada às intrínsecas relações entre a antropologia e a educação nos processos de aprendizagem, através dos elementos culturais da sociedade, analisando a importância das várias nuances da decodificação e significação da cultura na promoção do sujeito versos cidadão; ainda sobre educação, autora de “A importância da educação de jovens e adultos como modalidade de ensino”, discute sobre as políticas educacionais voltadas para modalidade de ensino EJA-Educação de Jovens e Adultos; já a autora de “Políticas publicas educacionais”, narra um breve histórico das políticas públicas no Brasil desde a chegada dos jesuítas, a implementação da política agroexportadora, a reforma pombalina, até o surgimento do ideal de educação para todos, pontuando as políticas educacionais vigentes no país, em diferentes períodos com base em suas leis; e para dialogar saberes sobre, “As diversas possibilidades de pensar o letramento”, os autores deste artigo trazem reflexões sobre as diversas possibilidades do letramento como ação educacional social; assim como instiga autora do texto, “A consciência do uso das novas tecnologias como ferramentas facilitadoras da aprendizagem”, um estudo sobre a importância das novas tecnologias na prática docente e no processo de ensino-aprendizagem, pontuando como as mesmas podem contribuir positivamente no desenvolvimento da prática educativa.

Título: Resistências populares, gestão do Estado e enfrentamento à violência
Organizador: Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2014
Formato: 15x21cm, 188p.
ISBN: 978-85-64841-13-0

Organizar livros coletivos, numa perspectiva contra-hegemônica, não tem sido uma tarefa tão simples. O primeiro passo é atrair e estimular pessoas, a ponto delas acreditarem e enxergarem sentido e valor no que escrevem, para que possam perceber a importância em abrir essas discussões para o mundo. A tradição de delegar para poucos a possibilidade de publicação faz com que muitos escritores não se julguem capazes de se tornarem autores apreciados por outros leitores, ou seja, em um universo mais amplo do que o seu circunvizinho.
O ato de emular é o pontapé inicial para fazer com que escritores se vejam como autores, como sujeitos aptos a apresentarem ao mundo suas palavras dedilhadas a partir de esforços hercúleos. Esforços esses que vão desde o definir temas, conseguir referências, pesquisar, reunir fontes, dar um sentido lógico às informações, até chegar à sistematização e tradução, em letras autênticas, de tudo o que se quer dizer sobre um objeto de estudo.
Viabilizar uma obra autoral coletiva com autores que pensam o mundo de ponta à cabeça e propõem profundas transformações sociais é um aspecto marcante e decisivo para a ocorrência de tais transformações. Organizar um coletivo de maneira multitemática, mas que converge em ideais e princípios, tem sido como criar novos espaços de resistência. Escritores que dificilmente teriam lugar no mercado autoral conseguem se materializar autores, contrariando a lógica do grande mercado editorial, conseguindo fazer ecoar suas ideias, a fim de auxiliarem na construção de outro tipo de sociedade.
Neste livro, constituído por nove artigos, o leitor perceberá que os autores, apesar de tratarem de temas variados, colocam-se numa perspectiva de rever nossa sociedade em diferentes aspectos, como o científico, econômico, político, futebolístico, dentre outros, pontuando-os de maneira crítica e resgatando a trajetória de experiências de resistência para pensar um novo mundo possível. Assim, segue uma breve apresentação de cada um dos textos aqui elencados.
No artigo Movimentos Sociais: do objetivo universalista ao particularismo, o autor Eliziário Andrade versa sobre as mudanças geradas pelas transformações do capitalismo desde o pós-guerra, no intuito de refletir sobre a constituição, formação e o papel da classe trabalhadora na luta contra a ordem capitalista e a emancipação de todos os explorados e oprimidos subjugados à lógica que rege a reprodução do capital.
Em Futebol baiano: uma análise sobre a composição racial e social do Ypiranga, Fábio Ferreira discute sobre a composição racial e social no desenvolvimento do futebol baiano a partir da inserção dos excluídos (negros e pobres) da sociedade soteropolitana na prática do futebol, tendo como referência o Ypiranga, na consolidação de um futebol competitivo forjado por ‘homens de cor’, representante da nascente e heterogênea classe operária da capital baiana. Com isso, o autor buscou analisar a composição racial e social deste time de futebol, enquanto força futebolística no ano de 1921 e os impactos que isso causou nos setores aristocráticos burgueses.
Yang   Borges Chung, em Cultura Política de Resistência e de Vanguarda Dirigente no pensamento contra-hegemônico de Carlos Marighela, faz uma relação entre a Cultura Política de Resistência e de Vanguarda Dirigente no pensamento contra-hegemônico do militante comunista Carlos Marighella, com os conceitos de cultura, hegemonia e contra-hegemonia.
Em Movimentos sociais na Bahia dos anos de 1980, Geraldo Araújo analisa a Ditadura Militar e registra a luta dos trabalhadores Petroquímicos na Bahia, demonstrando como estes se levantaram enquanto uma categoria e como as características de um polo industrial, como o desenvolvido na Bahia, criaram vicissitudes na luta deste segmento de trabalhadores.
No artigo MST e a ocupação da Fazenda Nova Suíça: resistência popular no campo e na cidade, Alan Brandão de Morais faz uma abordagem sobre a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Recôncavo baiano, mais precisamente o processo de ocupação da Fazenda Nova Suíça, em 05 de maio de 1996, assentamento mais antigo do MST no Recôncavo baiano, buscando refletir sobre a importância estratégica desta área para a consolidação do MST na Bahia, facilitando a intervenção junto às instituições do Estado, principalmente o INCRA, e possibilitando a continuidade da luta pela terra na Bahia.
José Caetano de Jesus Filho, em Descaracterização da política econômica do programa democrático e popular (1989-2002), analisa o Programa Democrático Popular (PDP) do Partido dos Trabalhadores (PT), que foi forjado no contexto de lutas compreendido entre o final da década de 1970 e durante a década de 1980. Ele condensa em propostas de Governo as principais pautas de reivindicação dos movimentos que despontaram nessa época, baseando-se nos princípios anti-imperialista, antimonopolista, antilatifundiário e democrático radical. O destaque desse trabalho é para as transformações nas propostas de política econômica contidas em tal programa, salientando que a influência exercida pelo avanço da política neoliberal no Brasil e pela crise do marxismo a nível internacional, foi muito forte sobre os principais grupos dirigentes do Partido dos Trabalhadores (PT), que acabaram abandonando elementos estratégicos importantes contidos no PDP, colocando em contradição a defesa dos princípios mencionados.
Em A Trajetória do Capital Imobiliário em Salvador, Raphael Fontes Cloux compreende a trajetória histórica do Capital Imobiliário em Salvador, bem como desvenda suas origens e relações com o Estado, principalmente com a Prefeitura Municipal de Salvador, desde a década de 1940 até o ano de 2012.
Elane Correia, no artigo Saberes dos povos da floresta: uma perspectiva alternativa contra a hegemonia da monocultura científica, propõe fazer uma caminhada em busca da história do “[...] oráculo que se confunde com os rumores da história.” (CERTEAU, 1994, p. 57), através de uma discussão sobre conhecimento a partir dos povos da floresta amazônica, com especial destaque aos povos nativos do atual estado do Acre e ao povo Munduruku do Pará.
Em Bullying: suas múltiplas determinações e as possíveis ações de enfrentamento, Maria Augusta Neves Silva discute como o bullying é um ato perverso que dilacera a vida social e a saúde mental da vítima. Enfatizando que no contexto escolar esse ato é devastador e, na maioria das vezes, provoca, entre outros problemas, a evasão escolar. Entendendo a problemática do bullying como multideterminada, a autora teve a preocupação de evidenciar como se configura o fenômeno nas escolas e refletir acerca do seu enfrentamento, pretendendo apresentar algumas motivações para a prática deste, identificar as suas consequências, pontuar a contribuição do aparato tecnológico para o agravamento dessa atitude perversa e perceber como o atual modo de sociabilidade pode estar contribuindo com esse comportamento violento.
Ao escrevermos estas linhas, colocamos em nossas inspirações as vivências de experiências que nos guiam, e que servem não de modelos, mas de motivações, para vermos no horizonte, onde se firmam nossas utopias. Nisto, aqueles povos dos Palmares, de Canudos, da Palestina, do quilombo Rio dos Macacos, da Sierra Maestra, os Vietcongues, dentre outros tantos, nos fazem perceber a beleza do raiar do sol e nos mostram por onde caminhar, mesmo após uma noite bem sombria. Assim, convidamos nossos leitores a ver a beleza dos primeiros raios de uma bela manhã.

Título: Caminhos e encontros literários e históricos
Organizadores: Leice Daiane de Araújo Costa e Kleberson da Silva Alves
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 90p.
ISBN: 978-85-64841-18-5

Refletir sobre o jogo de aproximação e distanciamento entre as narrativas literárias e historiográficas é um trabalho que requer uma retomada a diferentes períodos da história da humanidade, em que História e Arte Literária eram postas lado a lado sem maiores implicaturas ou contestações/questionamentos acerca desse fato, até o surgimento de uma necessidade humana de separar e definir os papéis das áreas de atuação humana, a partir do XVIII, com a ascensão do Iluminismo, as revoluções industriais, a disseminação da noção de cientificismo pautada no positivismo e darwinismo e o advento das novas tecnologias, quando os campos que passaram a ser vistos como científicos, impuseram à História a obrigação de se qualificar e posicionar enquanto uma área das ciências humanas. Em contrapartida, a Literatura passou a ser vista como um tipo de narrativa sem relevância social, ao passo que parecia voltar-se apenas ao universo do imaginário, do ideal, sem fins concretos, perdendo o seu valor social.
Diante disso, alguns intelectuais do campo da Literatura passaram a se preocupar em produzir narrativas literárias com base nos princípios realistas e positivistas, o que deu abertura para o surgimento dos movimentos literários Realismo e Naturalismo. Além da Literatura ser concebida mediante a noção de arte pela arte, em que a produção literária se restringia ao estético, com os parnasianos.
Nesse período, muitos literatos e historiadores parecem ter perdido de vista o que já havia sido exposto por Aristóteles na antiga Grécia, acerca da Arte Literária, devido aos ideais pulsantes entre os séculos XVIII e XIX, pois o filósofo concebia a Arte Literária como a capacidade de representação das ações humanas através da imitação do que foi, é ou poderia ser.
No entanto, com a virada do século XIX para o XX, a crença na Arte Literária como meio de representação do âmbito social é retomada, através do movimento dos Annales. De lá pra cá, uma fração significativa tanto de literatos quanto de historiadores passou a apostar no desenvolvimento de pesquisas com base em estudos dialógicos entre a História e Literatura, assim como, outras áreas que passaram a ser vistas como domínios da História, tais como a sociologia, antropologia, geografia, mentalidades, entre outras.
Assim, é apostando e defendendo essa possibilidade de diálogo entre Literatura e História, que a obra aqui apresentada, Caminhos e encontros literários e históricos, oferece ao seu público leitor um conjunto de cinco artigos acadêmicos que versam sobre essa relação entre essas áreas, ao mesmo tempo em que, nos conduzem a aspectos sócio-históricos que remetem a elementos como cidade e espaço, fé e religião, mito e memória e habitação, através da representação. Sintam-se acolhidos por essas letras reflexivas. Sejam bem-vindos a um espaço de interação e possíveis encontros literários e históricos.

Título: Processos pedagógicos de Educação a Distância
Organizadores: Raphael Fontes Cloux; Jocenildes Zacarias Santos e Luiz Carlos Sacramento da Luz
Lançamento: 2014
Formato: 15x21cm, 142p.
ISBN: 978-85-64841-14-7

Há algum tempo a Educação a Distância (EAD) vem possibilitando o surgimento de novas transformações nos ambientes de ensino formal. Os percursos da práxis pedagógica e os perfis de competências estão se formando cada vez mais de maneira coletiva nos espaços virtuais e, cada vez menos, têm a possibilidade de canalizar-se em programas ou currículos que sejam pré-estabelecidos, centrados numa racionalidade científica, sem a compreensão acerca do sujeito que se constitui na realidade social. Esse sujeito, ao invés de construir uma aprendizagem estruturada por níveis, organizada pela noção de pré-requisitos e convergindo até saberes superiores, cria, recria, estrutura e reestrutura os saberes e transforma-os em conhecimentos, num processo interativo apropriado e próprio da condição humana. Nessa realidade, torna-se importante escolher espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não-lineares, dialógicos e dialéticos, que se reorganizam conforme os objetivos e lugares  que cada sujeito ocupa; gerando uma posição singular e coletiva na construção do conhecimento, distanciando-se de espaços físicos inseridos em realidades distintas que, muitas vezes, negam essas realidades e as suas funções sociais, obliterando os sujeitos que delas fazem parte.
Importa ressaltar que, no processo da Educação a Distância, em salas On-line, pode também existir a obliteração dos sujeitos, porém, quando isto se faz presente, nega-se um processo que pode dinamizar a práxis pedagógica, a partir das relações que se constituem entre sujeito e objeto na construção do conhecimento.
Portanto, nas leituras seguintes, o papel do professor se delineia a partir de uma nova relação praxiológica com a educação; se transformando em momentos de provocações, reflexões e desequilíbrios que vão gerar inquietações e novos conhecimentos em uma proposição de alteridade, autonomia e subjetividade. É nesse contexto que as reflexões aqui apresentadas se consolidam e possibilitam novos conhecimentos acerca de uma prática educacional que pensa nos sujeitos desse processo como seres dinâmicos, vivos, históricos e subjetivos, imbricados em relações dialógicas horizontais e heterárquicas. Diante disso, logo abaixo há uma breve apresentação de cada artigo que compõe esse conjunto de diálogos sobre a Educação a Distância.
Em Expansão da Educação a Distância, precarização do trabalho docente e outras considerações, Elisiana Rodrigues Oliveira Barbosa apresenta algumas considerações a respeito da precarização do trabalho docente na modalidade da Educação a Distância, estabelecendo uma estreita relação com o fenômeno da acelerada expansão da educação superior. O estudo evidenciou que a expansão da educação superior na modalidade a distância se deu de maneira exponencial, contudo, foi demarcada pela precarização das condições e relações do trabalho docente.
Jocenildes Zacarias Santos, com o artigo A formação do professor em EAD: uma experiência do curso de licenciatura em Pedagogia da UNEB-UAB, traz algumas reflexões sobre o processo de formação do pedagogo através da Educação a Distância, a partir de análise acerca de uma experiência no curso em EAD de Pedagogia, da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, ressaltando que tais reflexões compreendem que o aluno desse curso precisa ter uma formação que o possibilite constituir-se enquanto sujeito do conhecimento.
Com A formação docente no contexto da Educação a Distância: relato de uma experiência na Universidade do Estado da Bahia, Nivia Bomfim Queiroz Rodrigues e Lilian Almeida dos Santos destacam a experiência da formação inicial docente no contexto da Educação a Distância (EAD), no Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia, pela Universidade Aberta do Brasil. Para tanto, o trabalho foi guiado por discussões teóricas e práticas, com o intuito de realizar análises críticas dos papéis dos interagentes dos processos socioeducativos; e questionários aplicados em uma turma de 8º semestre, contendo 41 discentes, de Licenciatura em Pedagogia da UNEB/UAB, do Polo UAB - Polo Educacional Dona Carmen/Carinhanha (BA).
O artigo Currículo no ensino superior: algumas reflexões, de Luiz Carlos Sacramento da Luz, tem como objetivo discutir os modelos que compõem a estruturação curricular, aplicáveis ao processo de ensino-aprendizagem no nível superior contemporâneo, destacando a necessidade do (re) pensar os modelos de ensino, visto que as abordagens curriculares tradicionais não mais atendem às necessidades educacionais e sustentam a ultrapassada dicotomia: autonomia crítica X alienação técnica. Diante disso, o artigo problematiza de que forma o currículo no ensino superior pode e deve nortear as relações teóricas e práticas no processo de ensino-aprendizagem nas modalidades presencial e a distância, a partir de uma abordagem exploratória e descritiva, que teve como fonte de dados uma ampla pesquisa bibliográfica sobre a temática.
O trabalho Interatividade e autonomia nos processos de formação docente em EAD, realizado por Luzia Maria Azevedo Brito, tem como objetivo discutir a importância do desenvolvimento da interatividade e autonomia de alunos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), no curso de Pedagogia da UNEB/UAB, e os desafios enfrentados nos processos de formação docente em EAD On-line. Com isso, buscou-se no decorrer das observações, como professora formadora, analisar de que forma pode ser promovida a interatividade e autonomia dos alunos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem, no sentido de promover a construção coletiva do conhecimento. Apoiando-se em uma abordagem qualitativa, foi realizado um estudo de caso com alunos do curso de Pedagogia de ensino a distância. Para tanto, foram observados com a amostra de 50% do corpo discente do curso em questão, na disciplina Didática e Tecnologias II. Ademais, foi realizada pesquisa bibliográfica com base nas obras de Primo (2008), Silva (2003), Assman (2005), Morin (2003), Pretti (2005), Pretto (2005), entre outros.
Estágio supervisionado na EAD: do planejamento à organização da prática do estágio em um curso de Pedagogia, de autoria de Monica Lins, tem como objetivo apresentar um relato de experiência, trazendo uma proposta da prática do estágio supervisionado na modalidade EAD, evidenciando toda a organização e empenho da equipe de estágio na busca pela formação concreta e de qualidade no curso de Pedagogia, bem como sua organização curricular, suas atividades e documentos desenvolvidos pelo corpo técnico e pelos educandos, com o intuito de socializar experiências exitosas.
Nubia Pacheco de Oliveira e Valéria Inês Tanajura Lobo, com o artigo Formação de tutores: o desafio da mediação dialógica em um curso a distância no AVA/UNEB/UAB - Relato de Experiência-, apresentam o resultado de uma experiência de formação inicial voltada para tutores da UAB, a partir reflexões sobre a prática de mediação dialógica para atuação desses profissionais em ambiente virtual de aprendizagem (AVA), através da realização de um curso de formação de tutores que foi estruturado com base em pressupostos pedagógicos como a interação, mediação, colaboração, aprendizagem significativa, autoria, autonomia, comunicação dialógica e usabilidade de multimídias. A perspectiva foi possibilitar àqueles tutores, por meio dessa formação, o desenvolvimento de uma postura reflexiva, investigadora, analítica e crítica para a construção de conhecimento teórico/prático nas dimensões pedagógicas, administrativas e tecnológicas em AVA.
O artigo A expansão do ensino a distância no Brasil e problematizações necessárias, de Raphael Fontes Cloux, apresenta uma reflexão acerca do histórico da modalidade de ensino a distância no Brasil, destacando os primeiros formatos desta, com os cursos profissionalizantes, até os explorados atualmente, através do uso da internet e redes de interação disponíveis nessa, ressaltando o estado de precariedade que circundou e ainda hoje circunda a EAD, principalmente, no ensino superior, devido ao olhar mercadológico devotado a este meio de formação, mesmo sem perder de vista que o processo de ensino e aprendizagem pode ocorrer de maneira gratificante por meio dessa modalidade. Além disso, são expostos fatores que impulsionaram a expansão desse ensino através da oferta de cursos de nível superior por todo o país, tais como a redução no tempo de duração dos cursos e custos e a flexibilização do tempo e espaço, o que facilita a obtenção do nível superior para pessoas que não têm disponibilidade para cursar uma graduação ou pós-graduação presencial, que requer uma interação presencial mais pontual.
Portanto, versa-se sobre a formação de professores e o lugar que deve ser ocupado pelos discentes no contexto da Educação a Distância, assim como, a relevância dessa modalidade de ensino na atualidade, tendo como exemplo a UAB/UNEB, compreendendo a importância do rompimento da prática do educador com as amarras dos conhecimentos reproduzidos, para se reinaugurar processos cambiantes de saberes, a partir de uma dinamicidade da prática pedagógica, com base na socialização.
No entanto, não é nossa pretensão destituir as práticas pedagógicas existentes em salas de aula presenciais, mas suscitar reflexões que provoquem nos leitores uma tomada de decisão frente às necessidades emergentes que se instauram nos processos de ensino e aprendizagem nos espaços presenciais e a distância.

Título: Olhares sobre produção editorial, políticas públicas, educação e literatura
Organizador: Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 182p.
ISBN: 978-85-64841-19-2

Viver em sociedade requer de todos os seres humanos o desenvolvimento da capacidade de interagir, conhecer, reconhecer e respeitar as diferentes maneiras e caminhos que conduzem, historicamente, a humanidade à necessidade de estabelecimento de princípios e padrões construídos em prol de uma organização social. Esses princípios e padrões são capazes de incluir/inserir sujeitos e discursos dentro das diferentes comunidades humanas.
Assim, debruçar-se sobre diálogos voltados à produção cultural e intelectual (editorial) no Brasil; suas políticas públicas e educacionais; possibilidades de acesso e uso dos recursos tecnológicos nesse país; importância de áreas como a sociologia e psicanálise para o melhoramento da qualidade da sua educação; discussões acerca da igualdade de gêneros e abertura para uma aceitação e reconhecimento das diversificadas influências socioculturais e religiosas no âmbito da sociedade brasileira, como através da leitura e trabalho com a literatura; percepção da relevância da prática da educação inclusiva nos espaços de ensino formal; parecem estratégias de argumentação importantíssimas, ao passo que ainda vivenciamos inúmeras situações cotidianas que contribuem para a afirmação de padrões e estereótipos pautados em discursos e ações que corroboram para a manutenção de contextos que mantêm uma série de desigualdades e abstrações de realidades inconcebíveis, opressoras e excludentes.
Diante disso, a obra aqui apresentada, intitulada Olhares sobre produção editorial, políticas públicas, educação e literatura, disponibiliza um conjunto de ensaios que abordam sobre as temáticas ressaltadas acima, a fim de explorar visões acerca dessas problemáticas sociais e convidar os seus leitores para os debates levantados a partir dessas discussões. Portanto, é com enorme prazer e compromisso com o combate contra as implicaturas presentes nos vários âmbitos da sociedade brasileira (educacional, político, religioso, editorial, tecnológico, socioeconômico, etc.), que todos os autores e, ao mesmo tempo, sujeitos políticos e reflexivos que contribuíram para a concretização desse trabalho evocam a apreciação desses diferentes olhares que se complementam pela busca de igualdade de oportunidades.

Título: Tempos de lutas e esperanças: a materialização da Revista Seiva na Bahia (1983-1943)
Autora: Daniela de Jesus Ferreira
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 188p.
ISBN: 978-85-64841-17-8

A obra Tempos de lutas e esperanças: a materialização da revista Seiva na Bahia (1938-1943) foi fruto do trabalho de pesquisa que Daniela de Jesus Ferreira desenvolveu ao longo do mestrado. O texto apresenta uma análise da criação da revista Seiva, colocando-a como instrumento de ação, de luta dos comunistas baianos no seio conflituoso da sociedade brasileira, visando demonstrar como estavam articulados e eram sabedores do papel que desempenhavam dentro do Partido Comunista do Brasil, com a criação da primeira revista antifascista em pleno Estado Novo (1937-1945). Em 1938, saiu o primeiro número da revista antifascista Seiva, mensário que teve duas fases. Nesse sentido, a autora optou por estudar o período compreendido como primeira fase da revista, que foi de 1938 a 1943. Daniela de Jesus Ferreira possui licenciatura (2009) e mestrado (2012) em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Atualmente está se especializando em Metodologia do ensino de História e Geografia, pelo Centro Universitário Barão de Mauá; e em Estudos Sociais e Humanidades, pela Universidade do Estado da Bahia.
Assita a autora apresentando sua publicação: https://www.youtube.com/watch?v=8AOX8kEAvg4

Título: Poemar: historinhas da mãe negra Iemanjá
Autor: Marlon Marcos
Lançamento: 2015
Formato: 16x16cm, 30p. Ilustrado
ISBN: 978-85-64841-16-1

Imerso no mundo da fé passada de geração a geração (atemporal) e da poesia, através da prosa poética Poemar, Marlon Marcos convida todas as crianças e adolescentes de ontem, hoje e amanhã a mergulharem num ambiente umedecido pela singeleza, bravura e beleza do mar, onde há uma mãe-rainha que vive para cuidar e defender a vida de seus filhos marinhos e terrestres, a doce e guerreira Iemanjá. E nesse misto de características que dão forças à Mãe Negra do Mundo, a obra nos ensina coisas riquíssimas sobre a história deste orixá e, com isso, nos apresenta traços de uma cultura trazida pelos povos negros da África, mais precisamente, da região de Abeokutá, com o intuito de mostrar o fantástico mundo das crenças e valores que perpassam o culto da mãe Iemanjá.
Receber o convite para falar da emoção que é nadar por entre as linhas sonoramente harmonizadas de Poemar foi um grande presente, pelo que vou brevemente relatar. Primeiro, por acreditar que as primeiras leituras de qualquer ser humano são fundamentais para a sua formação enquanto sujeito consciente dos caminhos que deverá trilhar, as quais devem proporcionar a construção de princípios que ensinem a agregar e não segregar. Segundo, por pensar que a poesia é a melhor maneira de se cantar as coisas belas e ricas da vida, como a herança sociocultural que nos foi deixada pelos diferentes povos africanos que vieram para o Brasil, através de um regime desumano, mas que souberam preservar e perpetuar, de alguma maneira, símbolos como a união e o equilíbrio. E, terceiro e bastante importante, por ter o privilégio de fazer parte desse belíssimo projeto literário de Marlon Marcos, pois sei do seu amor e respeito pela fé nos orixás e o quanto vive e transmite o seu eterno laço afetivo, principalmente, com Iemanjá. Diante disso, só me resta agradecer a honra e conduzi-los para as profundezas do Okún, a morada de Iemanjá.
Assista ao autor apresentando sua publicação: https://www.youtube.com/watch?v=-Nz8f3X0kdA

Título: Furúnculos
Autor: Amós Heber
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 124p.
ISBN:

Até que ponto o que é feito para sentir repulsa desperta desejos? Onde habita a urbanidade em seus novelos de complexidade, só pode existir o pútrido dorido desta nossa reunião humana?
A literatura do iniciante Amós Heber, numa dicção inventiva entre Caio Fernando Abreu, Rubem Fonseca e Hilda Hilst, desperta perguntas, solfejos da solidão, lágrimas e, o pior, desejo onde deveria existir repulsa.
Furúnculos não foi feito para curas ou cicatrizações – de algum modo, suas imagens querem delatar o que somos até sangrar. O crime não é a recompensa, é o habitus que comanda nossa feição humana nos instantes íntimos (ou não) do que chamamos sociedade.
O texto não julga. Ele revela o que somos, mas negamos. E segue autônomo como deve ser uma obra de arte. E o ator-cantor se anuncia, com exuberância, também como escritor. E é “sem nome” lê-lo. O doce amargo do seu anjo Gabriel.
Assita ao autor apresentando sua publicação: https://www.youtube.com/watch?v=5l7tO2pUdZg

Título: Teorias e conceitos, estado e políticas públicas, resistências e educação
Organizador: Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 248p.
ISBN: 978-85-64841-22-2

Diante da realidade de um início de século que ressaltou em uma fração significativa da sociedade brasileira um sentimento de esperança e crença em mudanças relevantes no seu cenário político, social e econômico, após o rompimento com o regime militar, a formulação da Constituição de 1988 e, principalmente, a ascensão de um partido de esquerda pautado nas lutas populares dos trabalhadores brasileiros, discutir, debater e combater concepções e posturas que se consolidam e acabam sendo cristalizadas de maneira sutil e complexa, a ponto de nos fazer acreditar, na maioria das vezes, que a lógica da hegemonia do Estado, a segregação e exclusão sempre se fez e se fará presente entre as populações humanas de forma natural, ainda é uma ação importante e necessária.
Diante disso, parece de extrema importância se fortalecer, cada vez mais, diálogos que abram espaço para que se possa debater o reconhecimento de políticas e posturas hegemônicas adotadas no Estado brasileiro; a luta dos povos indígenas do Brasil pela garantia dos seus direitos; a resistência do povo negro e a ressignificação do fenômeno diaspórico no processo de formação da família de santo ou família negra no Brasil, desde as viagens nos navios negreiros; as teses marxistas como meio de interpretação de gestões governamentais pautadas em princípios capitalistas, chegando a interferir na organização urbanística das cidades; a preservação e disseminação da memória de ícones políticos e eventos sociais marcados por histórias de lutas contra regimes ancorados em desigualdade, segregação, repressão; as contribuições de David Harvey na compreensão sobre a relação entre Estado, capital, tempo e espaço no contexto mundial e local (brasileiro); a percepção da relevância de espaços culturais que valorizem a cultura dos grupos marginalizados socialmente, através de uma gestão participativa; as contribuições da psicanálise na educação; as concepções de poder e verdade em Michel Foucault; a noção de história social abordada por Thompson; a relação entre a prática do trabalho infantil e as políticas públicas educacionais para jovens e adultos; concepções acerca da disciplina Geografia e a formação de professores para lecionar nesta área do conhecimento ao longo da história da educação brasileira.   
Visando contemplar esses diálogos, foi idealizada a publicação desse livro-coletânea que reúne um compêndio de debates teóricos fundidos em observações de eventos sociais e experiências vivenciadas dentro de um país que ainda coloca a esperança do seu povo à prova, mas não é capaz de reter todos os ideais e desejos de ir à luta, como forças que insurgem das antigas lutas sociais. Avante, velhas e novas utopias! Bom debate, companheiro (a) leitor (a)!

Título: Saberes sobre educação, história, comunicação e escrita acadêmica
Organizadores: Leice Daiane de Araújo Costa e Raphael Fontes Cloux
Lançamento: 2015
Formato: 15x21cm, 288p.
ISBN: 978-85-64841-25-3

“Saberes sobre educação, história, comunicação e escrita acadêmica” é uma obra coletânea fomentada por diversos temas relacionados à história e sociedade, educação, pesquisa, leitura e escrita, que abordam saberes construídos e reconstruídos ao longo dos processos de inserção do homem em diferentes tempos históricos, cercados por constantes transformações oriundas de anseios e, muitas vezes, conflitos humanos estabelecidos diante das necessidades moldadas e mudadas de acordo com os hábitos adotados, abandonados ou modificados pelos seres sociais.
Nos textos aqui presentes há diálogos que nos levam a refletir sobre o ato de ensinar desde a antiguidade até os dias atuais, em que o acesso à informação e, consequentemente, aos conhecimentos, vem sendo intensificado cada vez mais, diante da eclosão das novas tecnologias no mundo, chegando a possibilitar o estabelecimento de aprendizados de forma mais livre e autônoma, assim como, o ensino formal através da educação a distância; a luta e importância da educação inclusiva que, de fato, disponha de elementos que permitam a inserção e permanência dos cidadãos, com suas peculiaridades, dentro dos espaços de ensino e na sociedade como um todo; questões históricas como a participação das mulheres afrodescendentes nas atividades do comércio ambulante em Salvador, o surgimento do ensino superior no Brasil e a criação das ciências na Faculdade de Medicina da Bahia, a adoção da Lei de Transferência do Direito de Construir (TRANSCON) no Brasil e sua dinâmica de funcionamento, o princípio da abolição escravocrata representado na obra O cortiço, de Aluísio Azevedo; a relevância da pesquisa para a prática de ensino, principalmente no que diz respeito à história local; as etapas, aflições e peculiaridades que cercam a escrita acadêmica; as influências ideológicas da linguagem e do discurso, através de uma análise semiótica.
Com essa união, é possível afirmar que você, leitor, encontrará um significativo baú de conhecimentos explorados e debatidos de maneira bastante diversificada. Assim, sinta-se à vontade para destampar este baú e revirar os seus pensamentos.

Título: Contos do cotidiano
Autor: Jailson Santos
Lançamento: 2015
Formato: 12x17cm, 104p.
ISBN: 978-85-64841-27-7

Contos do cotidiano é o livro de estreia de Jailson Santos. Nele, o autor revela, já de saída, um elemento marcante da sua escrita: a observação atenta do dia a dia de pessoas comuns, da gente do povo que habita bairros populares de Salvador e pequenas cidades do interior da Bahia. Pessoas, reais ou fictícias, que ele demonstra conhecer muito bem na forma como narra e descreve a dura luta pela sobrevivência quando a criatividade é necessária para se ter o simples direito de existir.
Nos nove contos reunidos neste livro, Jailson expõe, às vezes com leveza e humor, mesmo que melancólicos, um punhado de sonhos, decepções, dramas e desejos que se revelam na linguagem simples e direta do povo. E que é também a do próprio narrador na forma como este compõe retratos cotidianos da vida que se desenrola, todos os dias, em espaços muitas vezes esquecidos e pouco representados nas páginas dos livros e dos jornais.
Vale ressaltar que a palavra “cotidiano”, muito bem colocada no título deste livro, expressa, além do sentido daquilo que é comum a todos os dias, uma carga semântica específica, relacionada aqui ao peso do existir, diário, às vezes massacrante e desafiador, mesmo quando se trata de uma mera programação noturna feita por um grupo de amigos na zona portuária de Salvador.
Cotidiana é, portanto, a vida simples e despojada dos habitantes de Nazaré das Farinhas, no Recôncavo baiano, e da avó “que não sabia ler”, mas cujos “ensinamentos da vida lhe trouxeram muito conhecimento que repassara à frente”. E da qual o neto retém a sabedoria e a alegria de viver. É a tragédia familiar de um homem que, diante de uma desilusão amorosa profunda, vê-se lançado a uma existência de vícios e miséria, sem nenhuma possibilidade de salvação. Ou ainda a peleja de uma família que permanece unida mesmo diante das agruras proporcionadas por um sistema econômico que, tal como Cronos, devora os seus próprios filhos.
Aliás, vem bem a calhar a referência a este deus grego cujo nome é tomado para designar um gênero literário, a Crônica, que tem na abordagem de temas cotidianos uma de suas marcas definidoras e que estão fortemente presentes nas histórias trazidas por Jailson Santos. Histórias cujas fronteiras entre a realidade e a ficção são muitas vezes nebulosas, como, aliás, muitas vezes acontece em nossa própria vida cotidiana recriada pela memória.
Carlos Ribeiro

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